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  • Leandro Borges - Fisioterapeuta

FISIOnews | Prótese no quadril ou artroplastia de quadril: saiba tudo sobre essa cirurgia


Ao iniciarmos falando do quadril, podemos falar que é uma das maiores articulações do corpo, sendo formada de uma esfera e uma cavidade. A cavidade é formada pelo acetábulo, que é parte da pelve, e a esfera é a cabeça do fêmur (osso da coxa), ou a extremidade superior dele. As superfícies ósseas da esfera e da cavidade são cobertas de cartilagem articular, um tecido que amortece as extremidades dos ossos e permite que se movam. Uma membrana fina, chamada de membrana sinovial, reveste a articulação do quadril. No quadril sadio, essa membrana produz uma pequena quantidade de um fluido que lubrifica a cartilagem e elimina o atrito durante os movimentos do quadril.

Quando a integridade dessa articulação encontra-se prejudicada, pode ser indicada a cirurgia conhecida como artroplastia, que é um procedimento cirúrgico que visa substituir uma articulação “doente’’, danificada ou fraturada, por uma prótese de metal, de polietileno ou de cerâmica, com o formato o mais próximo possível da anatomia original das estruturas ósseas.

No caso da artroplastia total do quadril, tanto a cabeça do fêmur quanto o acetábulo são substituídos, que podem ser fixados ao osso através de uma camada de cimento ósseo, que é a prótese cimentada, na qual funciona como uma argamassa entre o implante e o osso. Este cimento é um polímero conhecido como polimetacrilato de metila. No momento da cirurgia ele é produzido a partir da mistura de uma porção em pó e uma líquida, adquirindo consistência pastosa. E tem o procedimento com a prótese não cimentada, que baseia-se no crescimento de osso do paciente para dentro de poros na superfície da prótese.

Nos casos de fratura do colo femoral em idosos com o acetábulo preservado, pode ser utilizado o componente femoral com uma grande cabeça femoral de metal articulando diretamente no acetábulo. Nesta situação a artroplastia é conhecida como parcial, ou seja, o componente acetabular protético não é utilizado.

Na prótese híbrida, o componente acetabular é fixado à bacia através de parafusos, sendo o componente femoral fixado com cimento ao fêmur.

As próteses uni e bipolares são utilizadas em pacientes idosos, com fratura do colo do fêmur e que necessitam sair do leito o mais precoce possível. Na artroplastia parcial bipolar, conecta-se a cabeça femoral de metal ao componente femoral e esta articula diretamente ao acetábulo, e a artroplastia parcial unipolar o componente femoral e a cabeça femoral são um único componente.

As endopróteses são utilizadas para a substituição de grandes segmentos ósseos, como no caso de um tumor que comprometa a parte superior do fêmur.

As próteses em copa , pouco utilizada, nos casos mais específicos em pacientes com fratura de acetábulo em péssimas condições de saúde, pois uma prótese total necessita de maior tempo cirúrgico e anestésico, dificilmente suportado por esse tipo de paciente.

A artroplastia do quadril possui alguns riscos e, por isso, só é utilizada em último recurso quando os analgésicos, anti-inflamatórios e a fisioterapia já não ajudam a aliviar a dor no quadril.

As principais indicaçōes da artroplastia no quadril :

• Osteoartrose; • Fraturas e sequelas de fraturas; • Displasia do quadril; • Osteonecrose da cabeça femoral; • Impacto femoroacetabular; • Lesões labrais; • Artrite.

A osteoartrose é a principal causa para o procedimento de artroplastia de quadril, mas outras patologias podem evoluir para isso.

A cirurgia do quadril é feita sob anestesia no centro cirúrgico, que pode ser um bloqueio regional ou anestesia geral. O cirurgião retira as partes desgastadas pela artrose e coloca a prótese de quadril.

A duração da cirurgia é em média de 2 horas e 30 minutos, mas pode durar mais tempo ou menos, dependendo das condições do paciente. O tempo hospitalar pode variar entre 3 a 5 dias e a fisioterapia deve ser iniciada logo no pós-operatório. O cirurgião receita analgésicos e anti-inflamatórios, após a cirurgia e enquanto o paciente tiver dores.

O paciente deve ir a uma consulta de revisão 7 a 10 dias após a cirurgia para retirar os pontos e despistar algumas complicações, como desencaixe da prótese ou infecção.

A escolha de uma prótese adequada, uma boa indicação da cirurgia e boa colocação dos implantes, e uma fisioterapia especializada em casa ou na clínica, são alguns dos fatores que contribuem para que os resultados da artroplastia sejam mantidos por longo tempo.

É bom saber que o quadril é uma articulação pela qual passam inúmeras cargas durante as atividades. Depois de realizada a artroplastia, a prótese passa a ficar exposta a essas cargas e atritos, assim como a articulação do quadril já sofria antes da cirurgia. Ao longo do tempo, a prótese tende a desgastar, independente do material.

Após a reabilitação é importante ter atenção com o tipo de exercício físico praticado. O paciente pode e deve realizar atividades físicas que ofereçam baixo impacto, como é o caso da natação, caminhadas e hidroginástica.

É de suma importante comparecer aos retornos médicos pós-operatórios, pois serão realizados exames físicos e radiografias de controle que, se associadas a qualquer relato de sintomas anormais, podem guiar o médico para a realização de outra cirurgia do quadril, chamada revisão (revisão da cirurgia primária).

Com o desgaste da prótese na artroplastia do quadril a longo prazo, pode ser necessária a realização de cirurgia de revisão para a troca total ou parcial da prótese.

Quais os cuidados no pós-operatório?

• Deve-se tomar alguns cuidados em relação ao posicionamento e a realização de atividades diárias, pois alguns movimentos do quadril como adução (fechar a perna além da linha do corpo), rotação medial (rodar a perna para dentro) e flexão acima de 90°(aproximar a pena do tronco) podem deslocar a prótese; • Deitado de barriga para cima, deve manter as pernas afastadas com o auxilio de um coxim triangular entre as coxas, evitando deixar a perna operada rodada para dentro, ocasionando em uma luxação; • Ao sentar em cadeiras ou vaso sanitário, deve-se manter o tronco inclinado para trás e a perna operada esticada e levemente aberta, evite sentar em local muito baixo, use prolongador de vaso sanitário; • Ao sair da cama deve-se primeiro girar de frente o corpo para o lado operado e sentar com tronco inclinado para trás, mantendo sempre a perna esticada, deve-se escorregar até a beira da cama; • Evite deitar de lado sobre a perna operada, especialmente no primeiro mês após a cirurgia; • Ao subir degraus, deve-se colocar primeiro a perna não operada e depois a operada. Para descer, primeiro vai a perna operada e depois a não operada.

Estes cuidados devem ser feitos todos os dias para evitar que a prótese saia do lugar, o que pode fazer com que o indivíduo tenha que ser operado novamente para reposicionar a prótese.

A fisioterapia para artroplastia de quadril deve começar no 1º dia após a cirurgia, para aliviar as dores e o inchaço. Os exercícios isométricos (contração dos músculos sem movimento das articulações) e respiratórios são realizados repetidas vezes no primeiro dia pós-operatório.

No segundo dia, o fisioterapeuta estimula o paciente a ficar sentado a dar alguns passos fazendo uso de muletas ou um andador para não sobrecarregar a região operada. É importante que o paciente continue realizando a contração dos músculos da panturrilha, para estimular o retorno venoso.

O cirurgião decidindo pela colocação de prótese não cimentada, normalmente o paciente passa cerca de 6 semanas com os dispositivos de auxílio da marcha (muleta ou andador) para poupar a carga no membro operado. A maioria das luxações em artroplastia do quadril ocorre nas primeiras seis semanas.

Após a oitava semana, os tecidos musculares e a cápsula da articulação, que também foi lesionada com a cirurgia, já estão cicatrizadas, os exercícios são intensificados e na maioria dos casos o paciente é liberado para a atividade sexual.

A maioria dos pacientes pode retornar a dirigir carros depois de 4 a 8 semanas nos casos de cirurgia primária do quadril direito. Pacientes com artroplastia do quadril no lado esquerdo podem dirigir mais precocemente dependendo do modelo do carro, ou seja, carro automático.

Pacientes mais ativos e que realizam exercícios de impacto apresentam maior taxa de afrouxamento e desgaste da prótese de quadril mais precocemente dos que realizam atividades de baixo impacto.

Alguns procedimentos ginecológicos, dentários ou urinários causam a migração de bactérias para a corrente sanguínea e as mesmas poderiam infectar a prótese mesmo anos após a cirurgia. Não existe estudo comprovando que o uso de antibióticos antes destes procedimentos previne infecção da prótese.

Quando o fisioterapeuta alcança o objetivo de devolver ao paciente uma vida sem dor e com movimento, o paciente não deve esquecer do seu quadril operado. Reavaliações clínicas e radiográficas devem ser feitas a cada 1 ou 2 anos.

O desgaste ou soltura da prótese normalmente não causam sintomas até alcançarem um estágio avançado. Sendo assim, é melhor identificar precocemente estas complicações, pois facilita uma possível cirurgia de revisão.

Leandro Borges é Fisioterapeuta e Instrutor de Pilates, Pós-graduado emTraumato-ortopedia com ênfase em Terapias Manuais.

Contato: 99550-9212 ( whatsapp )

Email: leandrorjfisio@hotmail.com

Blog do Facebook: Fisiot. Leandro Borges

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