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Saint'Clair Silva

Saint'Clair Silva | A Guerra Fria e o atual mundo polarizado


Um panorama do mundo atual e as conexões com o passado Em agosto de 1961, era iniciada a construção daquele que viria a ser o maior marco da Guerra Fria, o Muro de Berlim, que separava o lado socialista do lado capitalista na já ideologicamente dividida capital alemã. Essa muralha era fortemente protegida pela República Democrática Alemã (socialista) com 66,5 Km de gradeamento metálico, 302 torres de observação, 127 redes eletrificadas e inúmeros cães de guarda, com o intuito de exterminar quem tentasse mudar de lado, entretanto, 5 mil pessoas conseguiram fugir, 136 morreram, 200 foram feridas e 300 presas.

Início da construção do muro, 1961 (Reprodução do livro The Berlin Wall, Monument of The Cold War — Hans-Hermann).

Os tempos passaram, mas ainda sim, o debate em relação a um muro ainda persiste. Desde 2016, o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenta adotar tática parecia com a RDA (República Democrática Alemã), só que com objetivo diferente, ao invés de impedir a saída, a ideia é impedir a entrada. Mostrando assim, o seu pensamento ultra-nacionalista de direita, que visa barrar a entrada ilegal de imigrantes mexicanos no seu país, principal destino daqueles que querem sair do México em busca de uma vida melhor e que quase nunca conseguem pelo meio legal.

Soldados de fronteira de Berlim Oriental em cima do muro perto do Portão de Brandemburgo em 11 de novembro de 1989 (Reuters).

Ambos os muros representam embates ideológicos fortíssimos, e o mundo resgata a mesma essência da Guerra Fria. Expressões que estavam mortas voltam à tona, tender a um ou outro lado soa como antipatriótico, acusações e segregações tornam-se visíveis, mostrando assim, que o separatismo é cada vez mais comum. Proporcionalmente com o crescimento dos movimentos de esquerda, surgiram os movimentos conservadores e ultra-direitistas, visando barrar essa ascensão dos movimentos adotados pelas minorias. Não é raro ver movimentos tanto de esquerda quanto de direita, em prol de suas visões políticas. Contudo, além de atos como esses, é possível destacar expressões políticas específicas como a facada no atual presidente brasileiro e a “passeata” em Charlottesville, Virgínia. Que transpassam o que é vivido hoje no mundo. Figuradamente, é possível ver a conexão do Muro de Berlim com o mundo atual onde a polarização é cada vez mais evidente.

Imagem de 1968 mostra crianças brincando perto do Muro de Berlim (AP).

Ficar em cima do muro não é uma opção. Tal qual em Berlim, há sempre cães ferozes prontos para atacar em caso de travessia,“torres de vigilância” e “soldados” prontos a denunciarem o “fugitivo” que começa a atravessar a barreira, ou quem sabe, admirar o lado vizinho. Entretanto, os soldados são virtuais, as armas são o teclado e o mouse e o campo de batalha, as redes sociais. Não é raro discussões que defendem o ponto A ou B, o que sempre foi normal, contudo, não há mais opções, ou é A ou é B. E as letras C, D, e E? Dizimadas. Deixou-se de existir a pluralidade e virou dualidade. O presidente dos norte-americano John F. Kennedy, sem saber, previu os acontecimentos vindouros:

Famílias separadas devido ao cunho ideológico, são reflexos do panorama mundial atual.

Portanto, devido a visível segregação mundial que a política trouxe, cabe a nós destruirmos o muro ideológico que nos separa em prol de um bem maior. A destruição do muro de Berlim não significou o fim da ideologia, mas sim, da separação humana que assolava a Alemanha naquela época. Da mesma forma, o fim do separatismo humano não significa o fim do seu pensamento político, mas o início das conexões físicas.

Pessoas davam marteladas para quebrar o Muro de Berlim em 11 de novembro de 1989 (David Brauchli/Reuters).

Apesar do olhar altivo dos “guardinhas”, o homem tenta quebrar as barreiras, buscando o reencontro.

Saint'Clair Silva é estudante do 3ª ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Bangu, tem 18 anos e sonha em ser jornalista.


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