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  • Frederico Ramos - Psicólogo

PSICOnews | Usar drogas não é brincadeira


Queridos leitores.

Antes de qualquer coisa, quero deixar aqui registrado meu mais sincero agradecimento pela esfuziante e reluzente recepção que tive a oportunidade de experimentar na última semana. Espero fazer o possível para responder e interagir diretamente com todos os amigos que nos adicionaram e que carinhosamente nos mandaram mensagens de boas vindas!

E vamos ao nosso assunto de hoje?

De fato, a dependência química é coisa muito séria!

Há quase uma década, publiquei nas minhas redes sociais um breve artigo falando sobre o problema da dependência de drogas em nosso país. Infelizmente, não me causa nenhuma surpresa o fato das considerações serem ainda muito atuais. Ou seja, evoluímos pouco ou quase nada na promoção de iniciativas eficientes no que diz respeito a conscientização sobre o tema.

É fato também, que o consumo de drogas aumenta a cada ano no planeta e regista um número cada vez maior de jovens adolescentes e pré-adolescentes.

Tenho portanto, absoluta certeza que, apenas esta informação é suficiente para gerar uma profunda reflexão sobre o que está acontecendo nas novas e mais recentes gerações de todas as sociedades do mundo.

Entretanto, quero sugerir hoje ao caro leitor, que tire sua própria conclusão ao ler um trecho do artigo de minha autoria, que me referi anteriormente, convidando-o de antemão para um debate franco e aberto em nossa coluna semanal.

Então, dizia eu...

"O desafio da integração do tratamento e do atendimento ao usuário de drogas, constitui uma ação preponderante para a mudança do paradigma que há muitas décadas vem contribuído direta ou indiretamente para o agravamento das estatísticas em números de internações em hospitais gerais em todo o país.

Quando antes discutia-se a respeito das estratégias de intervenção no paciente dependente de drogas, hoje torna-se indispensável a evolução do conceito e do reconhecimento da doença enquanto principal causadora, na maioria dos casos, do surgimento de outras inúmeras patologias, assim como, de acidentes de trabalho e do agravamento do quadro de violência pública e doméstica.

A mudança de paradigma faz-se necessária principalmente na formação acadêmica dos profissionais de saúde, que ainda tendem a diagnosticar as consequências mais superficiais da doença, deixando de lado o foco principal do tratamento da compulsão e de outros transtornos comuns ao usuário dependente.

Em termos comparativos, podemos lembrar do paciente depressivo que recorre a inúmeros médicos e onerosos tratamentos sem obter resultado algum... Passa então a tratar os sintomas mais recorrentes da depressão, a fim de ver-se livre de sua angústia, em vez de encará-la como o problema central.

Na dependência química, esta dinâmica faz-se presente a partir do momento em que os prejuízos clínicos começam a surgir, isso sem contar com os prejuízos relacionados aos vínculos sociais e familiares...

Este é o quadro que permanece em vigor, custando muito caro aos cofres públicos, nas despesas hospitalares e no prejuízo da perda prematura de vidas, não apenas pela doença propriamente dita, mas, também como consequência da violência no trânsito, no caos urbano e na violência doméstica.

Tratar portanto, a dependência química, significa acima de tudo, quebrar barreiras e estigmas sociais presentes há muito tempo em nossa cultura.

A afinação de um mesmo discurso constitui uma ponte sólida para o sucesso do tratamento do paciente e de sua família.

O compromisso do tratamento firmado, não pode e nem deve ficar a cargo do usuário, mas permeada também à todos aqueles ligados a ele. Desta forma, a abordagem interdisciplinar encontra recursos suficientes e uma maior probabilidade de obter resultados satisfatórios no tratamento continuado.

Superada a primeira etapa que é a conscientização da doença pela próprio indivíduo e por sua família, é chegado momento de aderir ao programa que inclui as práticas grupais como um poderoso instrumento de atuação para que sejam alcançadas as mudanças necessárias nos hábitos de vida, no controle da doença e no fortalecimento dos laços transferenciais que possibilitam dar continuidade à empreitada.

Olhar-se no espelho e não ver apenas a própria imagem solitária refletida, significa identificar-se com os demais membros do grupo de atendimento, não apenas com seus sofrimentos diversos, mas também com o desejo de expor-se no esforço do desvendamento de suas emoções. Essa troca entre "iguais" possui um papel bem definido, não sendo a única forma de obtenção de ajuda. Em muitos casos, além do acompanhamento médico e medicamentoso, o usuário recorre ao atendimento psicológico individual, somando-o, assim, ao tratamento.

Os grupos anônimos de mútua ajuda também são peças de grande importância no tratamento. Estes trabalham na esfera concreta da troca, do compromisso e na introjeção de valores e normas que proporcionam ao usuário, a distância necessária da droga, a fim de evitar a recaída ou à reincidência no quadro de compulsividade. Seus membros falam em forma de depoimento, acolhendo a todos que chegam por conta própria e convidando-os sempre a se encorajarem no relato de seus males. A porta permanece aberta e, nos mais diversos horários encontram-se prontos a receber e reforçar positivamente os seus membros.

Acima de tudo, o esforço da interação dos setores públicos e privados em busca da interdisciplinalidade, assim como a vontade política, fazem-se necessários na construção de uma nova mentalidade, de um novo conceito, com o principal objetivo de proporcionar às gerações futuras, o reconhecimento do problema enquanto doença, no sentido mais real da palavra.

Tratar o indivíduo dependente portanto, é antes de mais nada , oferecer-lhe recursos concretos, livre de estigmas e preconceito, visando desta forma a conscientização necessária para o sucesso do tratamento."

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