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  • Leandro Borges - Fisioterapeuta

FISIOnews | Artrite Reumatoide: como reconhecer a doença?


Hoje falarei sobre a artrite reumatoide, uma doença reumática crônica, autoimune, inflamatória que não tem cura, mas tem tratamento, que afeta aproximadamente 1% da população adulta mundial. A doença caracteriza-se pela inflamação do tecido sinovial de múltiplas articulações, levando a destruição tecidual, dor, deformidades e redução na qualidade de vida do paciente. Sendo que 25% demoram 2 anos para descobrir a doença. Atinge 3 vezes mais as mulheres do que os homens. A faixa etária entre 40 a 70 anos são mais acometidos. As tarefas como andar, comer e se vestir, 51% sentem dificuldade. O caráter agressivo da doença ressalta a importância de seu reconhecimento precoce, o que aumenta significativamente as perspectivas de melhora clínica e remissão.

A etiologia é desconhecida, com importante participação do sistema imunológico, que tem como característica principal uma sinovite (inflamação da membrana sinovial) que envolve principalmente as articulações periféricas de forma simétrica (ambos os lados), manifesta-se nas articulações menores do corpo, normalmente nas juntas dos dedos.

As alterações causadas pelas frequentes inflamações podem causar lesões ósseas e articulares irreversíveis, o que pode resultar em deformidades. A partir daí vai acometendo outras áreas.

Nos estágio avançado da doença, ocorrem alterações em todas as estruturas das articulações, como ossos, cartilagens, cápsula articular, tendões, ligamentos e músculos. A consequência é a dor, inchaço e vermelhidão, principalmente nas mãos e nos pés. É importante lembrar que, por ser sistêmica, ela pode ocorrer em outras articulações, tais como joelhos, tornozelos, ombros e cotovelos, além de outras partes do organismo. Embora a principal característica da artrite reumatoide seja a inflamação das articulações, várias regiões do corpo também podem ser comprometidas.

Sinais e sintomas:

• Febre baixa; • Fadiga; • Nódulos visíveis na pele próximos às juntas; • Rigidez nas articulações principalmente pela manhã; • Dor e inchaço nas juntas; • Dificuldade de movimentação dos dedos ou dos membros; • Redução do apetite e perda de peso.

Possíveis manifestações:

1) Olhos: Secura ocular (Síndrome seca secundária, chamada “Síndrome de Sjögren secundária”), pode levar a esclerite, que é a inflamação ocular, que se apresenta com vermelhidão e dor, e pode também ter uma uveíte, que é quando a camada vascular do olho inflama, levando a complicações como catarata e glaucoma.

2) Pele: úlceras de perna e lesões cutâneas eritematosas (avermelhadas). A pele se torna enrugada, mais frágil e fina. As palmas ganham um tom avermelhado (eritema palmar) e a parte de cima das mãos empalidecem, parecendo translúcidas.

3) Nódulos reumatoides: tumefações subcutâneas (debaixo da pele) não dolorosas que ocorrem na maioria das vezes nos cotovelos, joelhos e dorso das mãos.

4) Sistema Nervoso: Pode ocorrer compressão de nervos periféricos pelo edema articular, sendo comum a síndrome do túnel do carpo, uma doença que faz com que a pessoa perca a força na mão e sofra de formigamento e dormência no local.

5) Sistema respiratório: Pode ocorrer uma doença Intersticial, que acarreta inflamações e cicatrizes no órgão, comprometendo a respiração, e mesmo fazendo uso de medicamentos no estágio inicial, talvez seja necessário um transplante.

6) Sistema cardiovascular: Pode ocorrer a inflamação da membrana que cobre o coração (pericárdio). A inflamação das juntas pode levar a insuficiência cardíaca, porque a inflamação pode acarretar em substâncias que bloqueiam as artérias, como placas de gorduras, e impedindo o fluxo sanguíneo.

7) Sistema renal: Pode ocorrer nefropatia tóxica pelo uso constante de anti-inflamatórios não esteróides.

8) Fígado: A presença de hepatomegália discreta (aumento das dimensões do fígado) e enzimas hepáticas (transamínases) elevadas são comuns.

9) Outras manifestações: Podem ainda ocorrer distúrbios da tireóide, osteoporose e depressão.

O diagnóstico leva em conta os sintomas, o resultado de exames laboratoriais (VHS, proteína C-reativa e fator reumatoide) e por imagem (raios X, ressonância magnética, ultrassonografia articular).

Fatores que podem contribuir para o aparecimento da Artrite Reumatoide:

Genética: O principal contribuinte para a artrite reumatoide é a genética. Quem tem parentes de 1º grau têm maior risco de desenvolver a doença. Aqueles que possuem os marcadores genéticos tem 10 vezes mais chances de desenvolver artrite reumatoide.

Vírus e bactérias: As infecções da vias urinárias, garganta ou até mesmo de dente podem fazer com que as bactérias caem na corrente sanguínea, desequilibrando o sistema imunológico e levando a artrite reumatoide.

Cigarro: Fumar também pode ser um causador, pois há um alto risco de pessoas com um gene específico desenvolverem artrite reumatoide, além de ser um vício que pode aumentar a gravidade da doença e reduzir a eficácia do tratamento.

Fatores ambientais: A exposição a poluentes como sílica, um elemento que constitui a areia e muito encontrado em saquinhos para proteger objetos, pode desencadear em artrite reumatoide.

O diagnóstico da artrite reumatoide é feito quando pelo menos 4 dos seguintes critérios estão presentes por pelo menos 6 semanas:

• Rigidez articular matinal durando pelo menos 1 hora; • Artrite em pelo menos três áreas articulares; • Artrite de articulações das mãos: punhos, interfalangeanas proximais (articulação do meio dos dedos) e metacarpofalangeanas (entre os dedos e mão); • Artrite simétrica (por exemplo no punho esquerdo e no direito); • Presença de nódulos reumatoides; • Presença de Fator Reumatoide no sangue; • Alterações radiográficas: erosões articulares ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos.

O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são fundamentais para o controle da atividade da doença, prevenção da incapacidade funcional e lesão articular e o retorno ao estilo de vida normal do paciente o mais rapidamente possível.

O objetivo do tratamento na Artrite Reumatoide é o controle da inflamação, seguido de analgésico e anti-inflamatório não hormonais (AINHs), cirurgias e fisioterapia.

Na artrite reumatoide, assim como em várias outras doenças reumáticas crônicas, o seguimento pelo médico reumatologista é imprescindível e deve ser contínuo. O tratamento medicamentoso vai variar de acordo com o estágio da doença, sua atividade e gravidade, devendo ser mais agressivo quanto mais agressiva for a doença.

A fisioterapia pode ajudar de diversas formas:

• No controle da dor e da inflamação, através do uso de aparelhos; • Reeducação postural; • Aumento da força e flexibilidade, melhorando a amplitude de movimento; • Melhora da capacidade cardiorrespiratória e, consequentemente, promovendo mais qualidade de vida; • Prevenir as deformidades articulares.

O condicionamento físico, envolvendo atividade que tenha como objetivo a parte aeróbica, exercícios resistidos, alongamento e relaxamento, deve ser estimulado, respeitando claramente os critérios de tolerância de cada paciente.

A hidroterapia é útil em pacientes com restrição à deambulação, pois a temperatura da água relaxa e a turbulência pode ser utilizada a favor do exercício, no sentido de resisti-lo ou facilitá-lo.

O uso de bolas de pilates para relaxar o corpo são exemplos de exercícios eficazes no tratamento, assim como atividades de baixo impacto.

Uma técnica muito eficaz que pode ajudar com a artrite reumatoide envolve o uso de calor ou compressas frias de gelo. A aplicação de calor ou o frio às articulações afetadas pode dar-lhe algum alívio, e a escolha dependerá se a dor é aguda ou crônica.

As compressas frias e os pacotes de gelo funcionam melhor se você sofrer de dor aguda, enquanto a dor crônica geralmente responde melhor a um pacote de calor ou compressas. O gelo, porém, é contra-indicado em todas as fases da doença se o paciente tiver vasculite, crioglobulinemia ou fenômeno de Raynaud associados, ou seja, algum desses problemas que estão relacionados as alterações da circulação.

A fisioterapia possui como objetivo melhorar e manter a qualidade de vida do paciente com artrite reumatoide levando em consideração a realização de atividades de lazer, atividades profissionais, bem como higiene pessoal com independência.

Leandro Borges é Fisioterapeuta e Instrutor de Pilates, Pós-graduado em Traumato-ortopedia com ênfase em Terapias Manuais.

Contato: 99550-9212 ( whatsapp )

Email: leandrorjfisio@hotmail.com

Blog do Facebook: Fisiot. Leandro Borges

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