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  • Ane Louise Michetti - Psicóloga

NAMORALnews | Amando um Dependente Químico


Olá leitores da coluna Na Moral, essa semana uma moça me encaminhou um bilhete que falava que seria “mais um ano” e fez algumas perguntas.

Leitora: Eu tenho 38 anos. Meu marido se droga às vezes e nessas vezes some dois dias e faz muitas dívidas, estou cansada! Sou casada há 12 anos. Quando começamos a namorar ele não escondeu que já foi usuário de drogas, mas estava limpo. E do jeito que falava como era ruim, colocava minha mão no fogo por ele. Mas depois, do seu primeiro sumiço, no primeiro ano do nosso casamento, quando ligou no dia seguinte e me contou o que fez (usou drogas), meu mundo desabou, mas como prometeu que não faria mais, dei uma chance. Meses depois começaram a surgir dívidas no cartão de crédito, eu desconfiada o coloquei contra a parede, e confessou que precisava de ajuda e não estava conseguindo. Fiquei decepcionada, promessas novamente, mas um ano se acaba e ele continua dizendo que não fará mais “isso.” Não sei o que fazer, pois eu amo um dependente químico.

Cara leitora, ninguém está livre de se envolver com um parceiro que traga consigo complicações, manias, vícios e dependências. O envolvimento com drogas, em qualquer grau de relacionamento, é sempre uma questão delicada de se tratar.

Dizer NÃO ao dependente químico não se trata de abandonar o seu familiar ou de ser cruel. Trata-se de compreender que você não pode ajudá-lo se ele não quiser.

Trata-se de compreender que se você mantiver a situação como está e continuar aceitando todas as manipulações e situações geradas pelo dependente químico, as probabilidades de que ele peça ajuda a quem pode ajudá-lo diminuirão.

Dependente químico em recuperação não pode tomar bebida alcoólica! Nem um pouquinho de vinho? NÃO! Nem um golinho de cerveja com família? NÃO! Nem uma cervejinha sem álcool? NÃO, é preciso entender, que a dependência química é uma doença. O problema não está na droga, está no cérebro. E qualquer substância psicoativa vai acionar o cérebro para que solicite a droga de sua preferência.

Dependente químico em recuperação deve evitar hábitos, lugares e pessoas da época ativa. Se ele começar a frequentar os mesmos lugares, ou começar com hábitos de ativa como mentiras, por exemplo, inevitavelmente recaíra.

Outro ponto importante para os familiares, muitas vezes, quando o nosso familiar amado recai, pensamos: “Como ele pode fazer isso comigo, passar por cima de mim e do meu amor?” ou, “como ele pode esquecer-se dos próprios filhos?”

A realidade dói, é sofrida, acaba sendo cansativa. Mas a realidade é o que o dependente químico quando recai, antes de qualquer outra pessoa, ele está passando por cima de si mesmo, dos seus próprios sonhos, dos seus próprios ideais. E isso os faz sofrer demais. É uma doença!

Mas, como lidar com isso? Só conseguirá lidar com isso, se estiver fortalecida. E não há outra forma de se fortalecer a não ser tendo vida própria, a se amar, se cuidando. Focando em você mesma e se desligando com amor.

Na Moral, para todas as pessoas que estão lendo e acompanhando a coluna quando você se casa com um dependente, não tem essa de colocar a mão no fogo dizendo que ele nunca mais vai voltar a usar, e isso não é nem porque ele é fraco ou não te ama. E sempre lembrar que o primeiro passo é reconhecer que precisam de ajuda.

Ane Louise Michetti dos Anjos é psicóloga, especialista em dependência química, politicas pública em saúde, irremediavelmente apaixonada e ainda aprendiz na arte de ser dona de casa.

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