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  • Fernanda Ramiro - Fonoaudióloga

FONOnews | Falando sobre Gagueira (Parte 1)


Um ponto de concordância entre os que se dedicam a estudar os problemas de fluência é que a chamada gagueira de desenvolvimento ou simplesmente gagueira, surge sempre na infância, num período que vai aproximadamente dos 3 aos 6 anos. Nesta fase a criança está adquirindo linguagem e este processo exige prontidão para desenvolver vocabulário e organizar sentenças, sendo bastante freqüente o aparecimento do que se chama disfluência infantil. Em termos da aquisição da linguagem esta disfluência é explicada pela busca de palavras adequadas, num léxico ainda muito reduzido, pela tentativa de elaborar sentenças e se comunicar com adequação. Nestes momentos a criança vacila, usa um tempo mais longo para começar a falar, pára no meio da frase, prolonga ou repete alguns sons, o que é visto por muitos, principalmente pelos pais, como o início de uma gagueira, problema em geral, temido e não aceito.

A disfluência infantil, habitual na época de aquisição da linguagem, tem recuperação espontânea e tende a diminuir logo que a linguagem se desenvolva. A palavra diminuir foi usada aqui propositadamente, já que é sabido que falantes considerados fluentes apresentam disfluências que, embora algumas vezes até sejam freqüentes, não caracterizam uma gagueira.

A gagueira infantil surge na mesma época e tem características semelhantes às da disfluência infantil, o que torna difícil o diagnóstico diferencial. Acredita-se que algumas crianças já trazem em seu código genético a tendência para gaguejar e são estas que não têm recuperação espontânea, persistem desenvolvendo gagueira e tornando-a crônica.

A discussão sobre as características que diferenciam a disfluência infantil da gagueira é intensa entre os especialistas da área e relevantes pesquisas têm sido conduzidas em várias Universidades do mundo. Os pesquisadores buscam conhecer quais os fatores de risco para o aparecimento da gagueira e assim trabalhar sua prevenção e intervenção precoce. A incidência de gagueira no mundo justifica essa preocupação já que pesquisas recentes comprovam que por volta de 1% da população do mundo tem gagueira, o que é considerado um número significativo. Outra comprovação diz respeito à maior ocorrência de gagueira em indivíduos do sexo masculino. A cada quatro meninos que desenvolvem gagueira uma menina apresenta o problema, sendo que as meninas, segundo pesquisa (Yairi 2005), recuperam-se com mais facilidade. Não há diferença de incidência entre raças.

A idéia mantida até pouco tempo atrás de que os pais, com suas angústias e críticas colaboram para a instalação da gagueira na criança está superada e a tendência mais forte é acreditar na predisposição genética, vista por muitos estudiosos como responsável pelo aparecimento e manutenção da gagueira. Esta característica genética não é necessariamente hereditária, já que apenas parte dos gagos tem ascendentes ou descendentes que gaguejam. Muitos genes são apontados como sendo os responsáveis pelo aparecimento da gagueira e, embora os pesquisadores concordem que há uma alteração nos genes, admitem que estes ainda não foram totalmente identificados, o que coloca os resultados como ainda não conclusivos. Não conclusivos também são os resultados de pesquisas na área da neurologia, embora já apontem para avanços significativos nessa área.

Fernanda Cunha Ramiro é Fonoaudióloga fernandaramiro1@gmail.com

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