Ex-funcionários denunciam curso em Vila Valqueire, por atrasar, não pagar salários e quitar rescisão trabalhista
Diversos ex-funcionários do Curso Winners, que fica na Avenida Jambeiro, em Vila Valqueire, denunciam que enquanto trabalhavam na unidade de ensino, não recebiam salários em dia, trabalhavam acima do horário contratado e após saírem da empresa, não receberam valores da rescisão trabalhista. Com a garantia do anonimato, cinco ex-funcionários procuraram a redação do Sulacap News para relatar uma série de denúncias.
Denunciante um:
“Trabalhava no curso preparatório em Vila Valqueire, e afirmo que lá foi o pior lugar que eu trabalhei. Não fiquei nem 1 ano lá, o patrão enrolava para pagar nosso salário sempre encaminhando o contracheque dia 10, pagava dia 30 do mês e isso sendo a outra metade porque ele pediu adiantamento. Eu não recebi o último mês que eu trabalhei, nem rescisão, décimo, nada”.
Denunciante dois:
“Num dia em que o céu amanheceu escuro e choveu demais em alguns lugares já havia chego ao local do trabalho totalmente encharcado e o patrão me deixou trabalhando assim por 8 horas. Nos cobrava maquiagem, cabelo arrumado, unhas feitas, se tivesse atrasado mais de 3 vezes independente do motivo não tinha nenhuma folga no próximo mês, se apresentar atestado também não ganha folga. Me disse que não pagaria minha rescisão e nem meu salário agora pois outras pessoas saíram antes de mim e teria que pagar elas primeiro”.
Denunciante três:
“O que acontecer comigo foi muito parecido com o que acontece com todos os funcionários que deixam essa empresa. Ele não paga salários devidamente, não deposita FGTS em conta, não paga rescisões e tem milhares de processos trabalhistas. Sem contar que há um tratamento muito ruim com os funcionários, todos são pressionados a trabalhar muito e são mal remunerados, além do controle excessivo sobre as pessoas”.
Denunciante quatro:
Trabalhei lá e foi uma péssima experiência, estamos nos unindo para contar pois já fomos na justiça e ninguém pega a causa porque ele não paga, muitas meninas todos os anos saem de lá e ficam perdidas, pois não recebemos nada do que trabalhamos. Chegava lá 07h30 e tinha dias que saia as 19h, nunca foi paga essa hora extra, o FGTS não foi pago nem o nosso último salário, somos várias meninas que caímos nesse golpe, fomos injustiçadas naquele lugar e não podemos fazer absolutamente nada sobre isso”.
Denunciante cinco:
“Fui trabalhar nessa empresa e foi a pior decisão da minha vida. O dono da empresa é extremamente tóxico e abusivo com todos os funcionários. Não pagavam o salário em dia, e as vezes nem pagavam, nos trabalhávamos e tínhamos que implorar para receber o salário e ainda dar uma justificativa plausível e emergencial para ele fazer o depósito. Não pagaram os meus dias trabalhados e não pagaram a minha rescisão até hoje”.
O Curso Winners, unidade Valqueire, foi questionado sobre as denúncias e, por nota (na íntegra no final da reportagem), informou que foi impactado pela pandemia da Covid-19 e que o ano de 2023 não foi bom para a empresa. A direção da unidade reforçou que busca recursos financeiros para sanar todos os problemas trabalhistas junto aos ex-funcionários, e refuta qualquer acusação de maus tratos para quem trabalha (ou trabalhou) no curso.
Segundo a Revista da Educação, as consequências negativas para o processo educacional, assim como a disseminação do coronavírus, foram globais. Dados da Unesco mostraram que a pandemia afetou as rotinas de mais de 1,5 bilhão de estudantes no mundo. No Brasil, a interrupção necessária das aulas presenciais, a migração de parte dos trabalhadores das famílias ao regime de home office e a insegurança econômica familiar tiveram reflexo no universo educacional, com o fechamento de unidades, vendas de escolas e redução no número de turmas.
A crise econômica e a pandemia do novo coronavírus provocaram o fechamento de 150 escolas particulares na região metropolitana do Rio de Janeiro, em menos de um ano de pandemia, segundo estudo da Urca Capital Partners. Em contrapartida, segundo os dados do Censo Escolar de 2022 divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), houve aumento no número de matrículas de educação básica na rede privada após a pandemia. Houve crescimento de 5,3% de alunos frequentando escolas privadas de 2021 para 2022. Os dados de 2023 acabaram de ser divulgados pelo MEC e ainda estão sendo depurados.
Confiram a nota enviada pelo Curso Winners na íntegra:
“O Curso Winners está estabelecido em Vila Valqueire, desde 2006. É uma Instituição idônea e devidamente legalizada para seu funcionamento. Como toda empresa do segmento educacional, foi duramente afetada financeiramente, durante a pandemia, o que reflete nos dias de hoje. Como agravante, o ano de 2023, não foi favorável ao nosso segmento, o que ocasionou na piora da situação financeira. Entretanto, estou reunindo recursos para que possa, em breve, negociar e acertar com todos os afetados.
Repudio toda e qualquer acusação de maus tratos, pois em 17 anos de atividade, jamais tive problemas de assédio moral. Faz parte de nossa cultura o bom atendimento, a boa educação, transparência e a empatia.
Sabemos que, nesta situação, surgem aproveitadores e estamos acompanhando com toda atenção. Qualquer atitude com objetivo de caluniar, prejudicar a imagem da Instituição conquistada com muito trabalho e dedicação, ao longo de todos esses anos, será prontamente combatida e contestada através dos meios legais.
Lembrando que, no ordenamento jurídico brasileiro, existe o ônus da prova, ou seja, quem faz a acusação tem a responsabilidade de provar que a alegação é verdadeira. Assim sendo, espero sinceramente que haja uma reflexão e responsabilidade dos envolvidos, pois a Justiça é válida para todos.
Agradeço o espaço concedido pela Sulacap News para que possa esclarecer os fatos”.
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