CRÔNICA | Mesmo nas dificuldades, ele não esqueceu do que deve fazer no Dia das Mães
Essa semana estava almoçando numa pensão, quando um menino moreno de uns 10 anos, de agasalho impermeável, pois estava chovendo, pequenino, com cabelo bagunçado me abordou para vender doces. Após minha recusa, me perguntou se poderia lhe dar comida. Eu não sei qual sentimento outros que não tem filhos têm, mas como pai fiquei penitenciado.
Segundo o ex-diretor da Organização das Nações Unidas para a Alimentação (FAO), ex-ministro extraordinário de Segurança Alimentar e responsável pela implementação do Programa Fome Zero em 2003, José Graziano, que atualmente dirige o Instituto Fome Zero, hoje cerca de 65 milhões de pessoas passam fome nas grandes metrópoles. Ou seja, a realidade nutricional de muitas famílias pelo Brasil é um fato, mas quando ela dá nos olhos é doloroso.
Prontamente o convidei para sentar à mesa, mas eis que me surpreende pedindo na quentinha, pois queria ir comer com a mãe, que vendia doces num sinal próximo a pensão. Marmita feita o questionei por que, naquele horário, por volta das 11:30h, não estava na escola. E, mesmo com a fome, dificuldades, vem a surpresa.
“Tio, faltei aula para vender doces e poder comprar um presente pro Dia das Mães para minha mãe”, disse ele.
Dez anos de idade, com fome, fora da escola e vendendo doces no sinal, nada disso tirou dele o desejo de dar a mãe, um feliz Dia das Mães.
Moral da história: apesar de todas as dificuldades, nunca deixe de ser grato.
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