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Foto do escritorAlexandre Madruga

Após 13 anos, Cedae vistoria reservatório em Realengo para colocar em funcionamento

Obra do PAC, com recursos do FGTS, aconteceu em 2009 e reservatório nunca foi utilizado, impactando quase 4 mil moradores da Vila João Lopes

Após mais de uma década e muitas discussões entre Prefeitura e Cedae, o tão sonhado reservatório recuperado em maio de 2009 na comunidade Vila João Lopes, em Realengo, irá começar a funcionar. A obra realizada pela Prefeitura através do Programa Pró-Moradia custou R$ 6,2 milhões, com recursos da Caixa e do FGTS, além do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal, interviu na comunidade com implantação de redes de água, esgoto e drenagem, pavimentação de ruas, coleta de lixo, iluminação pública, obras de contenção, criação de áreas de lazer e paisagismo, construção de creche e de duas unidades habitacionais, impactando a vida de quase 4 mil moradores, mil famílias e duraram quinze meses. Também houve a recuperação de uma grande caixa d'água (reservatório) de 200 metros cúbicos, já instalada no alto da comunidade da Vila João Lopes, mas o reservatório jamais recebeu uma gota desde então.


Em 2019, o Sulacap News contou essa história, através da matéria "Sertão carioca: obra com recursos do PAC e Caixa, tem caixa d´água seca há 10 anos". Na época, a então Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (hoje, apenas Infraestrutura), respondeu através de nota:

"A SMIH esclarece que as obras de urbanização na Vila João Lopes já foram concluídas e que cabe à Cedae fazer a ligação da água para as residências". 

Após 3 anos, nossa reportagem voltou a procurar a Cedae que reforçou não estar ciente da aprovação da obra. Em virtude disso, na semana passada (04/02), a, agora, Secretaria Municipal de Infraestrutura (SMI) foi questionada e enviou a seguinte nota:

"A Secretaria Municipal de Habitação informa que, à época, o município executou a implantação completa de todo o sistema de abastecimento de água, conforme previsto no projeto. Não cabe à Prefeitura, no entanto, a operação do sistema, restando à Cedae verificar os parâmetros com relação à retaguarda de água, a partir da Avenida Marechal Fontenelle, assim como o booster, localizado na esquina da Rua Manoel da Nóbrega, para que a concessionária Águas do Brasil possa colocar o sistema em operação".

Mais uma vez, de posse dessa reposta, a Cedae foi procurada e reforçou "não ter recebido a obra de forma adequada pela Prefeitura, que o local precisaria de adequações e que, assim, não poderia realizar a operação de fornecimento de água".


Então, retornamos a SMI para solicitar a documentação comprobatória que a Cedae teria participado e aprovado a obra. Nessa quinta-feira (10), o documento foi enviado:

Percebam na parte de baixo do documento, o carimbo e aprovação pela Cedae da obra. De posse da documentação, a Cedae foi novamente procurada e, dessa vez, enviou a seguinte nota, nessa quinta-0feira (10):

"A CEDAE já vistoriou o local, verificou a necessidade de adequações na elevatória e está executando projeto para realizar as obras. Após a adequação do sistema, serão feitos testes operacionais nas redes já instaladas".

Enquanto o reservatório não tem um pingo d´água, a solução encontrada pela Cedae foi abastecer a comunidade através de uma bomba com canos que atravessam toda comunidade, expostos ao ar livre e no caminho das pessoas. No entanto, rotineiramente, existe falta d'água e a solução é o velho e bom balde.


Para o morador Junior Galdeano, de 46 anos, a longa espera não tirou a esperança da comunidade.

"A nossa luta dura mais de 10 anos. Estamos esperando essa conquista a muito tempo. Muitos amigos que tinham o sonho de ver essa caixa d'água funcionando já não estão entre nós, mais tenho certeza que a luta deles não foi em vão. Seus netos, amigos e familiares vão estar fazendo uso e lembrando que vale a pena lutar, que vale a pena não desistir. Somos um povo sonhador e solidário, sempre tentamos fazer o melhor para o próximo. Se Deus nos deu as ferramentas, cabe a cada um saber usa-las".

O presidente da associação de moradores, Mauro Soares, 57 anos, comemorou a notícia.

"Para mim, como presidente da um associação, receber essa noticia é uma grande vitória. Vejo tantas familias sofrendo por causa da falta d'água. A comunidade sempre sonhou com esse momento que vai tornar uma nova etapa de vida para muitos. Ser presidente de uma associação é ser como um subprefeito, temos que zelar pelo nosso local, pelo nosso bairro, muitas lutas, muitas dificuldades, mas sabendo que a vitória esta logo ali na sua frente. Vamos nessa força e assim fazer a comunidade da Vila João Lopes sorrir e dar uma qualidade de vida para os moradores que sofrem a cada verão. Obrigada meu Deus por essa conquista".

Pedimos a Cedae quais são os prazos para adequação do projeto e obras, mas até a publicação dessa matéria, não obtivemos resposta. Assim que tivermos uma previsão, atualizaremos essa reportagem.


Estaremos de olho.

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