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  • Valcir Ramos - Economista

GESTÃOnews | Não pense como “todos”, você pode fazer melhor. Planeje-se!


Até aqui nossa coluna foi voltada para suas finanças pessoais, ou seja, o Orçamento Familiar. Hoje faremos uma pequena introdução ao foco do “Negócio”, o “Corporativo”.

O brasileiro detém, em comparação ao restante do mundo, um expressivo percentual de empreendedores individuais.

Muitos tocam ou tocarão pequenos negócios de família, transferidos de pai para filho. Já muitos, motivados pelas adversas condições do mercado de trabalho, se lançam em voos solo montando pequenos negócios com parentes/amigos ou, muitas vezes, traduzidos pelo “Eu Sozinho S/A”.

Os negócios de família trazem no contexto uma cultura e experiência adquiridas ao longo dos anos, baseadas única e exclusivamente em “tentativas e erros” até que os ajustes do dia a dia se ajustem na “melhor maneira de fazer”. Na atualidade, caso não haja preocupação com a renovação, esse é um processo que, infelizmente, tende a levar o negócio para morte uma vez que nos tempos de atuais novas tecnologias são disponibilizadas a cada dia, tornando obsoletas, onerosas e antiquadas as formas de “fazer” convencionais.

Dada a conhecida capacidade de inovação do brasileiro, muitas vezes ancorado na grande criatividade, improviso e no “jeitinho”, conseguem criar projetos que se diferenciam no primeiro momento de tudo aquilo que o mercado oferece, alcançando um sucesso instantâneo que poderá ou não ser duradouro.

Desses, grande parte investe na montagem de um negócio pelo fato de que outros montaram e está dando certo, ou seja, sem nenhuma base científica.

Mesmo sem conhecer o ramo, JOÃO vai abrir um negócio de petiscos/lanches/sanduíches porque o ROBERTO abriu um e está ganhando muito dinheiro.

O que JOÃO não sabia e não levou em consideração é que: 1) ROBERTO já havia trabalhado durante 14 anos como funcionário de uma grande cadeia de lanchonete fast food; 2) Nesses 14 anos atuou na produção, depois no atendimento e, por fim, ascendeu a um cargo na administração onde passou a controlar as planilhas de compras, estoque, consumo médio, custos, conservação e perdas de todos os insumos envolvidos no negócio; 3) A loja do ROBERTO está posicionada na única rua que dá acesso a entrada da faculdade e de um colégio que foram inaugurados recentemente, inexistindo outras opções para lanches na área; 4) Que ROBERTO tem um grupo de amigos do trabalho que formam diversos times de futebol e que jogam uma pelada, toda quarta à noite e tardes de sábado, no clube ao lado de sua loja, onde comemoram as vitórias e as “apostas” tomando cervejas e tira-gostos após os jogos; 5) A loja do ROBERTO ficou fechada por longo tempo, com uma placa de “aluga-se”, tendo sido oferecida por um baixo valor em relação ao mercado; 6) ROBERTO trabalha em turnos de 12h x 48h de folga, o que lhe permite administrar o seu negócio nas folgas ajudando sua esposa que fica à frente em tempo integral.

ROBERTO deu sorte? Não, simplesmente ele se planejou da melhor forma para aproveitar as “oportunidades” que se apresentavam, antevendo a demanda da faculdade/colégio, comemoração dos amigos, demanda insatisfeita, razoável custo de aluguel e utilizando-se dos conhecimentos, operacionais e administrativos, adquiridos durante tanto tempo no segmento. Ele colocou no papel todos os parâmetros acima, quanto teria de investir, quais seriam seus custos e a projeção do que poderia vender considerando todos os fatores acima, concluindo inclusive em quanto tempo teria de volta o valor que seria necessário investir. Em resumo, por mais conservadora e pessimista que fossem suas projeções o sucesso seria certo.

Já JOÃO considerou apenas o fato de que “se ROBERTO estava ganhando dinheiro com aquele negócio logo ele também poderia ganhar”...

Infelizmente nosso contingente “empreendedor” tem muitos “JOÃOs” e poucos “ROBERTOs”.

Daí a razão de um PLANEJAMENTO prévio para qualquer negócio, porte ou segmento. Seja uma grande fábrica ou o “Eu Sozinho”. No mínimo você terá que ter um PLANO DE NEGÓCIO onde devem ser considerados conhecimento do segmento, demanda, concorrência, custos, localização, investimentos, tempo de retorno, etc.

É fundamental que o Planejamento seja feito antes de iniciar suas atividades, ou seja, antes mesmo de qualquer investimento e, também, no mínimo antes do início de cada exercício fiscal (a cada ano). Mais importante ainda é que ele seja acompanhado e comparado com os resultados que estão sendo conseguidos. Somente assim você saberá se está seguindo no caminho certo ou se há a necessidade de algum ajuste na sua operação. “Não deixe sua vaca chegar até o brejo. Sempre que necessário corrija seu rumo, mantendo-a por caminhos seguros, para evitar que ela se atole”.

Valcir Ramos é Economista, pós-graduado em Adm. Financeira pela FGV-RJ, Consultor/Coach na VRamos Consultoria Planejamento Estratégico e Gestão

www.vramosconsultoria.com.br / (21)98106-8974

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