Vitória da Beija Flor é contestada nas redes sociais

por Alexandre Madruga

Para quem não sabe, costumo transmitir alguns eventos via Twitter (@jornalismadruga) e Facebook, o que fiz também durante a apuração das notas do Desfile da Escolas de Samba do grupo Especial do Rio de Janeiro.

Enquanto postava minhas informações e visões a respeito da apuração, pude perceber uma grande parte de pessoas ficando indignada com o resultado, credenciando ele por inumeras razões, claro, manipuladoras. A Rede Globo “comprou” o resultado, pois o tema da Beija Flor era o artista (Roberto Carlos) que representa a TV global; a Nestlé e Supermercados Guanabara são patrocinadoras da escola vencedora, e as mesmas empresas tem publicidade da rede da família Marinho, sem contar outras teorias de conspiração que foram aparecendo nas redes sociais.

Confesso não partilhar dessa sandice coletiva. Quantas pessoas seriam envolvidas nessa trama? Julgadores, equipe que lacra e toma conta dos envelopes, toda LIESA? Acho difícil.

Confesso que anos atrás, quando os bicheiros contraventores mandavam no carnaval, isso até poderia acontecer. Poderia? Pois até hoje, nada nunca foi provado.

Meus argumentos vão mais longe.

Acho que a Beija Flor sofre com a síndrome da Imperatriz nos carnavais passados que a verde e branco de Ramos venceu. Faz desfile técnico, “frio” e perfeito. Assim, vence. Mas não agrada aos partidários dos desfiles empolgantes e sim os julgadores.

Outra teoria. Os julgadores julgam escola a escola. Não veem todas, comparam e dão notas. Vale o que a escola propôs no enredo e apresentou no dia do desfile. Na hora, dão as notas. Logo em seguida o caderno de notas daquela escola é lacrado e guardado. Existem fiscais da Liesa junto. Para os jurados foi bem, não errou, passou a interpretação, foi bem compreendido? Nota 10. Errou algo, nota diferente de 10.

Agora, para quem “compra” o carnaval carioca, poderia ter o cuidado de garantir um resultado mais folgado. Se todas as notas fossem aceitas, o resultado seria uma vantagem da Beija Flor de apenas 0,2 pontos. Computando com os descartes (da mais alta e mais baixa), a diferença foi maior, o que mostra que até a escola de Nilópolis perdeu pontos preciosos, assim como as outras agremiações.

Os teóricos por conspiração de plantão também devem acreditar que o carro alegórico quebrado do Salgueiro deve ter sido sabotado. Pois aquele pontinho perdido (estouro do tempo do desfile) e os consequentes devido ao fato, nos quesitos conjunto, harmonia, evolução, alegorias e adereços certamente tiraram o campeonato da vermelho e branco da Tijuca. Até porque o desfile foi esplendoroso.

Com tudo isso, acho realmente mito difícil de ter existido manipulação. Acreditar nisso seria desrespeitar o bom desfile feito pela comunidade nilopolitana e os jurados que, até se prove o contrário, são pessoas de boa fé. Sem contar o trabalho do seríssimo Laíla, a frente da Comissão de Carnaval. Lembrem-se, ele inovou esse ano com carros e fantasias mais leves que o normalmente usado por todas as escolas.

Seguindo a teoria dos conspiradores, a Vila Isabel, que nenhuma mídia credenciou como favorita, terminou em 3º lugar. Sabe por que? Porque fez um belo desfile. Vejam o VT e constatem isso, imparcialmente. Antes que perguntem, eu torço para Imperatriz Leopoldinense.

Que esperemos os boletins com as justificativas, que serão abertos a público em alguns dias, e todos saibam onde as escolas erraram e tomaram as notas baixas.

Aceitem ou não, a Beija Flor é bicampeã com uma justa homenagem ao Rei Roberto Carlos, que ficou emocionadíssimo. Parabéns ao Neguinho, que passou por um ano difícil. Felicito a comunidade de Nilópolis.

Precisamos desarmar nossos corações e acreditarmos que os campeonatos são justos e vencem os melhores. Cabe aos orgãos de comunicação ficarem atentos e sempre investigarem qualquer denúncia, para manter a honestidade em tudo, principalmente quando envolve o amor do povo, a paixão.

Pode não parecer, mas nosso país está mudando. Pareço sonhador? Bem, sou apenas um otimista. E brasileiro, não desiste nunca.