PSICOnews | Começos e recomeços: porque são tão difíceis?
Você já ouviu alguém dizer que começaria a dieta tal dia e não começou? Ou expressar o desejo de fazer uma faculdade, mas por causa de tantos problemas e dificuldades, começou e parou, ou ficou apenas no desejo? E sobre atividades físicas, quantas pessoas você conhece que tentaram e desistiram? Talvez essa pessoa pode ser até você.
Não são poucas as pessoas que começaram uma faculdade, iniciaram uma dieta, ou se dedicaram nas atividades físicas, mas pararam no meio do caminho. Muitos são os argumentos que se apresentam para justificar tais desistências, que são até de fato válidos, como por exemplo, a dificuldade financeira de manter essas atividades. Porém, é possível encontrar pessoas que passam pelas mesmas dificuldades, mas estão firmes em seus propósitos. Pessoas que avaliaram suas prioridades e decidiram seguir em frente até conquistar seus objetivos.
Fui gago até os meus 17 anos. Na infância e adolescência, estudei no ensino público, e como gago passei por muitas dificuldades na escola. Não conseguia apresentar um trabalho, nem sequer dar uma contribuição em aula, pois eu gaguejava o tempo todo. Não tinha amigos, e sofria bullying todos os dias. Mas, fui gago só até os 17 anos, porque tinha um objetivo claro e que desejava de todo o meu coração. Meu sonho na época era superar a gagueira e estudar o comportamento humano para que nenhum gago continuasse gago. Minha mãe, que já é falecida, passava por sérios problemas emocionais, e meu desejo era também estudar para que nem ela, nem qualquer outra pessoa continuasse sofrendo. E aqui estou, cada vez mais próximo daquilo que eu sempre desejei com todas as minhas forças. E a cada etapa, meu sonho aumentava, pois ia desejando realizar sonhos maiores. Tenho até casos de gagueira resolvido com hipnose clínica, e o depoimento de um cliente pode ser assistido em minhas redes. Já ministrei treinamentos para milhares de pessoas, palestras para centenas e hoje dou treinamento de oratória emocional, onde ajudo pessoas a perderem o medo de falar em público, a gravar vídeos e expor suas profissões e ideias na internet. E foi com a decisão de começar, que eu cheguei até aqui. Hoje eu sou psicoterapeuta, e através da hipnose clínica e de outros métodos, ajudo pessoas a resolverem seus problemas emocionais, como depressão, transtornos de ansiedade, gagueira, TOC, fobias, síndrome do pânico e muitos outros.
Em meus atendimentos em psicoterapia, recebo muitas pessoas em dificuldades com começos e recomeços. E hoje, quero compartilhar com vocês uma reflexão que faz parte do processo terapêutico que eu aplico e que tem feito a diferença no tratamento de problemas emocionais.
Não são as respostas que movem o mundo, mas as perguntas. E para que você saiba o que precisa ser feito para superar a dificuldade de começos e recomeços, é preciso entender profundamente aquilo que te move a fazer o que você deseja.
Porque começar ou recomeçar para uns é tão difícil, mas para outros não? O que define o sucesso de uns e o fracasso de outros? O que faz com que a dor pareça ser mais forte em uns e em outros nem tanto?
Muitos têm a impressão de que passam mais dificuldades na vida do que os outros e que tudo para elas são mais difíceis, e que no fim das contas, acabam achando que a grama do vizinho é sempre mais verde. Porém, não precisa de muito tempo de conversa com uma pessoa realizada e que continua buscando o sucesso desejado na vida, para descobrir que ela possui inúmeras dificuldades, e que já pensou em desistir muitas vezes, mas preferiu perseverar. Já passou por tantos problemas que muitos de nós não suportaria nem a metade deles.
Todos nós possuímos dores e dificuldades, porém, não é quantificando isso que definimos o nosso sucesso ou fracasso, pois todas as pessoas que se realizaram ou estão se realizando relatam que passaram muitos problemas na caminhada.
Como então começar ou recomeçar sem desistir no meio do caminho?
Como eu disse acima, não é a quantidade de dores que definem o resultado do sucesso ou fracasso, mas é a baixa quantidade de prazeres definidos em seu objetivo. Por exemplo: se você quer emagrecer, quais os benefícios que você vai alcançar se conseguir? Quais prazeres você vai ter quando atingir o peso e as medidas ideias? O quanto feliz, realizado(a), satisfeito(a) ou empoderado(a) você vai ficar? Como as pessoas vão olhar pra você ou como você será recebido nos seus grupos sociais? Como ficará a sua saúde física e mental quando você atingir esse objetivo? Como o seu cônjuge vai reagir? Como ficará seu corpo quando usar aquela roupa que você tanto quis? Quais sensações, emoções e sentimentos você vai sentir quando se olhar no espelho e ver que se tornou uma pessoa mais saudável?
Percebe quantas perguntas sobre prazeres e satisfação eu fiz? E será que você realmente deseja de todo o coração alcançar esse objetivo tendo todos esses benefícios e recompensas como resultado? Se a resposta for sim, você vai decidir acordar mais cedo, frequentar uma academia ou correr na rua, suportar todas as dores no corpo (que não são poucas), vai mudar seu hábito alimentar e passar por qualquer dificuldade que vier pela frente, suportando tudo e qualquer coisa. Se a resposta for não, se você começar, certamente se frustrará e desistirá. E se você já desistiu um dia, se pergunte se estava determinado e convencido de lutar por esse objetivo, e provavelmente vai concluir que não.
Muitas vezes, o problema não é a falta de um objetivo, mas a falta de um “objetivo claro”, detalhado e específico, para tornar possível todas as coisas. Se você olhar para trás e se lembrar de todas as coisas que você desistiu no meio do caminho, se pergunte se você verdadeiramente desejou aquilo de todo o seu coração; se fez tudo o que pôde, se bateu em todas as portas possíveis e se esgotou todas as possibilidades. E se você comparar todas as coisas que deixou para trás, é possível que encontre um padrão entre elas. E se esse padrão for repetido, poderá fazer com que você continue desistindo continuamente de seus sonhos.
A doença emocional também não é definida pela quantidade de dores e sofrimentos que uma determinada pessoa possa ter, nem as experiências negativas que definem o quão doente uma pessoa poderá ser. No entanto, é determinado pela baixa quantidade de alegrias, felicidades e prazeres que ela tem. Logo, quanto menos momentos agradáveis e prazerosos, maior é a chance de ser instalada uma circunstância emocional negativa, podendo culminar numa doença psicossomática ou problema emocional. É quase unânime esse fato, percebo esse padrão ao ouvir o depoimento das pessoas que recebo para atendimento, muitas não conseguem se lembrar dos melhores momentos de prazer vividos na vida, nem sequer conseguem relatar qualquer um que tenham vivido. A maioria não pratica nenhuma atividade de lazer ou que aumente a satisfação na vida.
Além da baixa quantidade de prazeres e alegrias, há outro ponto importante a ser observado que é determinante para definir os resultados: o foco que é dado à determinada dor, problema ou situação. Tudo que recebe foco, recebe força, energia e poder. Se numa atividade física, o foco estiver na dor do exercício, certamente o objetivo não será alcançado. Se no tratamento do vício de cigarro, a necessidade pelo uso for maior do que o desejo pela saúde, o vício nunca será eliminado.
A boa notícia é que o ser humano é capaz de ressignificar qualquer evento vivido, seja um trauma, um vício, ou uma doença emocional. A mente é poderosa para promover mudanças em si mesma, como também no corpo e em todos os ambientes em que se vive. Começar ou recomeçar não precisa ser um fardo, nem uma sequência de desistências; começar ou recomeçar pode ser o início de um milagre que muitos precisam nas suas vidas.
Danny Reis é Psicoterapeuta Sistêmico, Hipnoterapeuta, graduando em psicologia, pós graduando em neurociências (UFRJ) e treinador comportamental.
Para mais informações sobre processos terapêuticos, treinamentos comportamentais e depoimentos sobre atendimentos, acesse: https://liderancacriativa.com Instagram: https://www.instagram.com/dannyreis.terapeuta/ ; agende um atendimento em Sulacap. cel e whatsapp: (21) 96496-9622.
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