NEUROnews | A inclusão começa dentro de casa
Durante muitos séculos a sociedade exerceu, e exerce ainda hoje, o papel de padronizar, distinguir e classificar posturas e comportamentos considerados permissíveis à convivência no meio social.
Nos dias de hoje ainda não é tarefa fácil distinguir qual seria o comportamento aceitável e compatível com os padrões considerados socialmente normais. E a sociedade, de um modo geral, ainda insiste em padronizar o indivíduo aos critérios do paradigma social.
Partindo do pressuposto que todo ser humano tem direitos mínimos a uma convivência digna em sociedade, como inserirem nesta mesma sociedade aqueles que fogem dos padrões normatizados socialmente permissíveis? Como vivenciar a Inclusão dentro da nossa sociedade como comunidade ou, até mesmo, na família?
Na atual conjuntura, não é tarefa das mais fáceis distinguir qual seria o comportamento aceitável e compatível com os padrões da nossa sociedade. O tema Inclusão tem se tornado uma das questões mais complexas dentro da nossa sociedade, a ser tratada e colocada em prática.
Políticas públicas para a inclusão são implementadas e passam constantemente por processos de reestruturação, a fim de atender a melhor demanda da parcela da população que tem deficiência.
O processo de desenvolvimento e aceitação do ser humano atípico dos padrões exigidos pela sociedade remonta os tempos da Antiguidade e percorre um caminho árduo até os dias atuais. E ao longo desse caminho houve a necessidade da criação de leis reguladoras para que aquele dito diferente aos padrões sociais fosse inserido de forma digna no âmbito social.
Percebemos a partir dessa discursão a influencia da sociedade, de um lado, tentando normatizar o que “é” correto aos moldes da boa convivência na sociedade e do outro lado, temos o governo, por meio da legislação, assegura a todos os deficientes tais direito, sem que para isso haja um investimento efetivo no sentido de viabilizar, de fato, a inclusão de todos na sociedade de forma digna.
Felizmente tenho percebido, mesmo que de forma lenta, uma mudança na forma como as pessoas estão percebendo a inserção dos deficientes na sociedade. Hoje em dia os pais estão aceitando mais os filhos e não estão escondendo-os dentro de suas casas por medo do preconceito ou por vergonha. Por mais que se tenha uma política em prol da inserção dos deficientes, só isso não basta.
Como o tema retrata a aceitação tem que começar primeiro no seio familiar. Não adianta gritar pra sociedade que aceitem os nossos filhos, se nós não os aceitarmos primeiro, também, será em vão as leis de inclusão.
Sou, Adriano Fontes, pai do Bernardo e vivo esta realidade a 13 anos. Costumo dizer que a deficiência não define meu filho. Sim, ele tem a limitação que a deficiência trás. Eu aprendo muito mais com ele, do que ele comigo.
Não é comum, mas também, não está fora da realidade um pai está ao lado do filho com deficiência.
Nenhum pai ou mãe planejam ter um filho com deficiência, isso é fato, e em muitos casos quando eles têm o diagnóstico, infelizmente, a parte que desiste do filho é a paterna. Eu não desisti e não me arrependo. Não sei o que seria de mim sem o Bernardo.
Mesmo sendo em grande maioria os pais em desistir da criação dos filhos com deficiência, há casos em que as mães não suportam por se acharem culpadas e, também, desistem de seus filhos: abortos ou até mesmo o abandono.
Percebemos que a arma contra esse mal é a conscientização... O mal da não aceitação.
Não vou dizer que é fácil, mas também, não é impossível quando se existe amor. O ensinar e o aprender é constante e dentro disso tudo o mais importante é nunca desistir dos nossos filhos.
Adriano Fontes tem Licenciatura em História, Pós-Graduando em Neuropsicopedagogia Universidade Castelo Branco e Pós-Graduado em Psicopedagogia
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