Coluna da Raquel | A desigualdade é nossa pandemia particular
"Não são as pessoas com deficiência que não estão preparadas para sociedade, SENÃO a sociedade que não está preparada para qualquer pessoa com deficiência" - Breno Viola
A pandemia de Covid-19 não APENAS nos expôs a um novo vírus como, escancarou outras faces das desigualdades em nosso país.
Hoje, escrevo como quem procura palavras. Como quem sente a onda de notícias bater forte, até quase perder o fôlego. Hoje, escrevo como quem tem sido atravessada, diariamente, pelo horror de muitas famílias, de alunos escolhidos para morrer. Os protocolos mundiais , pensados por governantes baseados em fundamentações científicas não são suficientes para cessar as mortes e dores de cada família que perde um ente querido, seja ele idoso; ela, pessoa com deficiência. meus afetos, vidas que valem menos, Pois não são percebidas como produtivas, não geram as riquezas esperadas.
Diante dessa perspectiva, percebemos que a pandemia só realçou aquilo que há muito nos faz padecer: a desigualdade social.
É ela, a desigualdade, que torna razoável admitir que mortes, que poderiam ser evitadas,sejam contabilizadas. Não só da pandemia, mas das chacinas, dos massacres, da fome, do desemprego, do corte de investimentos em saúde, em educação, em cultura, em pesquisa, do esfacelamento dos direitos trabalhistas, da aposentadoria. A vulnerabilidade não chegou com o vírus. Há um projeto de morte em curso e é nesse terreno que a Covid-19 se espalha.
A pandemia é um espelho difícil de encarar. É democrática, está percorrendo o mundo inteiro, todas as classes sociais. Mas, aqui, ganha contornos verde-amarelos: a primeira morte foi de uma mulher negra, 63 anos, moradora de uma rua sem calçamento, no subúrbio do Rio de Janeiro, que trabalhava há 20 anos como doméstica no Leblon, bairro nobre carioca que tem o metro quadrado entre os mais caros do mundo.
Acessamos então uma compreensão importante: somos todos suscetíveis à contaminação pelo vírus, mas a vulnerabilidade é maior entre aqueles que estão abandonados pelo poder público. Pobres, trabalhadores informais, população em situação de rua, mulheres, negros, idosos, pessoas com deficiência – o grupo de risco, aqui, não é determinado apenas pela idade ou por condições de saúde preexistentes, senão por condições sociais.
É neste contexto que me faltam palavras. Menos pelo espanto diante das circunstâncias e, diante das injustiças abissais que nos trouxeram até aqui. Quero mesmo silenciar. Não por conivência ou por impotência. Mas para ouvir o grito de todos estes que estão à margem, expostos, vulneráveis, sendo repetidamente destituídos de humanidade. Ouvir a voz que está à margem e acessar a perplexidade. Permitir que estes rostos nos sacudam numa perspectiva ética, que essas vozes irrompam e nos desfaçam do pensamento que nos trouxe até aqui, desordenem a ordem, produzam mesmo perda de palavras, de modo a tornar outras possíveis.
É voz que vem dessa desigualdade gerada por uma sociedade doente não só devido a Pandemia , mas por considerar os mais vulneráveis como criaturas sem valor que podem ser eliminadas. O caso mais recente com maior repercussão . A morte de George Floyd, em Minneapolis, EUA. Um assassinato causou indignação e revolta pois George foi morto injustamente ,estava desarmado e já preso ,não era motivo do policial assassinar só por que é Negro?. Aqui no Brasil vivenciamos recentemente a morte de um Adolescente ,o João Pedro de 14 que foi baleado durante a operação da policia em São Gonçalo no Rio de Janeiro, que também causou indignação pois o adolescente não era envolvido com nada ,estava em sua casa durante a quarentena ,só por que mora em comunidade e é negro que tem ser morto?
E vemos isso diariamente acontecer de maneira injusta nas comunidades só porque são negras e pobres? Para somar a essa tragédia ainda temos a questão Pandêmica. A população está contraindo o vírus e sendo atendida em condições precárias nas UPAS da vida. Além da falta de EPIS que os profissionais da saúde estão passando ,fazendo com que estejam contraindo o vírus ,o resultado falta profissionais não há testes para saber se realmente estão com COVID-19. Também não remédio e tampouco vacina,e os governantes ?até o presente momento,em todas as esferas se mostram preocupados com seus interesses pessoais e com várias maneiras de desviar dinheiro público.
BASTA! PRECISAMOS DE INCLUSÃO, DE DEMOCRACIA,ACEITAR AS PESSOAS INDEPENDENTE DE RAÇA OU CREDO, DE RESPEITO AO PRÓXIMO, DE ÉTICA. PRECISAMOS DE UMA REFORMA ÍNTIMA PARA ALCANÇAR UMA JUSTA SOCIEDADE NO FUTURO. E, como nos DISSE Martin Luther King Jr, "aprendemos a voar como os pássaros e a nadar como os peixes ,mas não aprendemos a conviver como irmãos".
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