HISTÓRIAnews | Sítio Arqueológico descoberto em antigo quartel no Campinho
- Alexandre Madruga - Jornalista • 32.776/RJ
- 20 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

Área está aberta a visitação para acompanhar exposição de artefatos
O terreno de quase 90.000m² na Avenida Ernani Cardoso 400 em Campinho, zona norte do RJ, que abrigou até 2005 o 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (15º RCMec)do Exército, será construído um Hipermercado (Wall Mart), além de um complexo comunitário da Prefeitura do Rio, um condomínio de prédios de onze andares com 1600 apartamentos e capacidade para abrigar sete mil moradores e ainda, uma praça, biblioteca pública e Museu do Forte da Nossa Senhora da Gloria do Campinho, colocando em exposição a história acerca do terreno que abrigou guarnições militares, fábrica de munições e quartéis do Exército. As obras começarão logo após a licença fornecida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
De acordo com o artigo 180 da Lei Federal n.º 3924, de 16 de julho de 1961, qualquer construção em monumentos arqueológicos e pré-históricos de natureza existentes no território nacional e todos os elementos que neles se encontram, necessitam da licença. Para se conseguir o documento é necessário o trabalho de pesquisadores do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) para verificarem se o terreno é um sítio arqueológico. Concluídas as pesquisas, o IPHAN, que é vinculado à Secretaria de Patrimônio, faz uma vistoria no local e a seu critério concede a licença para começarem as obras.

Diante da vistoria, que ocorre desde maio desse ano no antigo quartel, foram realizadas escavações que consistem em três fases: prospecção e localização de sítio, salvamento do sítio e educação patrimonial. Na primeira fase foram feitas quatrocentas tradagens para fins de diagnóstico, divididas em seis áreas pesquisadas. Essas tradagens são buracos feitos no terreno a cada dez metros de distância um do outro, para se descobrir por meio de equipamentos, se existem algo aterrado pelo tempo que seja um monumento histórico.
Em uma das tradagens, no local onde era um estacionamento de militares, foram encontradas várias peças, utensílios domésticos, armamentos e um modelo construtivo (paredes de pedras com mais de um metro de largura) que pode ter sido do século XIX.
- Descobrimos um local, que, pelo tipo de solo, anteriormente pode ter sido um mar, séculos atrás e que depois passou a ser mangue, onde hoje passa um rio. – Afirmou a arqueóloga Jandira Neto, Coordenadora do IAB, responsável pelas escavações e que verificava as peças encontradas para posterior tombamento histórico. Na segunda fase é o trabalho que exige mais dos profissionais envolvidos, pois consiste em escavar os pontos que foram descobertos via equipamentos, algo aterrado. Na terceira fase será o trabalho feito pelos pesquisadores para manter preservado para as comunidades a importância do patrimônio da comunidade. Atualmente o trabalho no local se mistura entre escavações, salvamento das peças encontradas e exposição. A terceira fase está prevista para começar logo após o término das escavações e início da demolição dos prédios.
A visita a exposição e as escavações é aberta ao público de segunda a sexta de 9h às 17h.

Forte foi construído para proteger o norte do estado Conhecido como Forte da Nossa Senhora da Gloria do Campinho, foi construído em 1822, fazendo parte das “Fortificações do Campinho”, defendendo o setor norte, juntamente com os quartéis de Irajá, Engenho Novo e do Andaraí. Fora construído em posição dominante, na antiga Estrada Real de Santa Cruz, próximo ao cruzamento da Estrada do Campo Grande e Jacarepaguá.
No início foi artilhado (equipado) com nove peças, cooperando com baterias já existentes na Serra do Andaraí e Irajá, cuidando, além das estradas ao seu redor, mas também a Estrada do Irajá, onde ficava o Largo do Madureira. Por decreto regencial em 1831 foi desarmado, juntamente com outras baterias, tornando-se em 1852 o Laboratório Pirotécnico do Exército, uma fábrica de munições, que funcionou até 1900. Após, serviu de quartel para o Regimento Moto-Mecanizado e Núcleo da Companhia de Comunicação da Divisão Blindada até início dos anos 70. De 1972 a 2005 abrigou a 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada (15º RCMec).
O imóvel foi adquirido da União em leilão de concorrência pública de Alienação, na modalidade de Permuta, pela empresa privada paulista W Torre Engenharia, que como forma de pagamento ficou responsável pela construção de 72 imóveis funcionais (Próprios Nacionais Residenciais), destinados à oficiais, em um imóvel também da União, jurisdicionado ao Comando do Exército, além da recuperação das instalações do Clube Alemão, ambos localizados na Rua Aquidabã, no bairro Lins de Vasconcelos.
Matéria publicada em 27 de novembro de 2017 pelo jornalista Alexandre Madruga